Coluna Nas asas da sustentabilidade

Esteira de pensamentos e retalhos de leituras

28/09/2017 | Nas asas da sustentabilidade, Colunas - Evandro Valentim

Esteira de pensamentos e retalhos de leituras

Ao som de Fiandeira, na voz inigualável de Tetê Espíndola, foi elaborado o texto da semana. Voz moldada quando, na infância, Tetê ouvia as aves do Pantanal, bioma onde há araras-azuis, tucanos-toco… Um pequeno trecho: “Sou fiandeira tecendo noite e dia uma esteira de pensamentos […] Vivo à beira de tudo aquilo que é frágil, que parece fiapo, ou que está por um fio […]”.

Para ouvir, https://www.youtube.com/watch?v=QwWJF9GhGYU.

A Natureza é magnífica, mas pela ação humana, o equilíbrio em algumas áreas está “por um fio”.

Tecendo leituras

Do mesmo modo como fazem as costureiras ao juntarem pedaços de tecido para confeccionar colchas, este texto se compõe, também, de retalhos só que de leituras.

Crença ameaçada. Em Cabalzar (2005) conta que, para os tukano, indígenas do Alto Tiquié, na criação do mundo, o Avô do Universo fez os rios de água doce e disse “apareça a água nesse mundo, elas prevalecerão todo o tempo e não terão fim”. Parece que os descendentes do Avô do Universo vão desmenti-lo.

Dependência do inimigo. Fernandes (2016) conta que araras-azuis fazem ninhos em cavidades de árvores altas e fortes. Uma das espécies preferidas é a manduvi. As araras, porém, não furam seu tronco, utilizam buracos pré-existentes. Uma manduvi demanda tempo até que possa atender aos requisitos das araras para seus ninhos. O tucano-toco, é um dos mais vorazes predadores de ovos de araras-azuis. É, também, uma das aves que mais se alimenta do fruto da manduvi, segundo estudo realizado no Pantanal. O tucano-toco, graças ao bico avantajado, consegue engolir sementes inteiras da manduvi, dispersando-as. Assim nascem novas manduvis. Ironicamente, a arara-azul depende do tucano-toco para ter o local de construção de seu ninho. Este, quando abastecido de ovos, recebe a indesejada visita da ave bicuda. Provavelmente, algum antepassado dela foi o responsável pelo nascimento daquela manduvi. A Natureza se encarrega de manter esse equilíbrio.

Para terminar, árvores na primavera. Wohlleben (2017) revela uma curiosidade dessa estação: nela, a água sobe pelo tronco das árvores com tanta força, que é possível ouvir, utilizando-se um estetoscópio.

Há muito a conhecer sobre as curiosas relações que ocorrem na Natureza e vale muito o esforço de conhecê-las. “A gente só cuida do que ama; e só ama o que conhece”.

Esteira de pensamentos e retalhos de leituras. Foto: Clube do Criador

 

Evandro Valentim

Evandro Valentim

Brasiliense; casado, pai e avô; mestre em gestão do conhecimento; especialista em gestão de RH; administrador; e escritor. Publicou Aventura no cerrado (Assis, 2017); Aventura na floresta: bichos e lendas daqui e dacolá (Assis, 2016); “Cliques narrativos: um romance em crônicas” (Assis, 2014); e “Causos de RH: o livro” (Livre Expressão, 2011). Aprendiz sênior em temas ambientais.

  • Compartilhar:

Comentar