Coluna Nas asas da sustentabilidade
Seminário Nacional do Cerrado
O cerrado nacional em pauta
O “Seminário Nacional do Cerrado: como conciliar produção agropecuária e conservação da sociobiodiversidade?” proporcionou a distintos painelistas apresentarem visões de como lidar com o tema. Produtores de soja, quilombolas, comunidades tradicionais, Governo, academia, multinacionais…
Discussões necessárias para mudar a condição do bioma, de marginal a protagonista. Historicamente, o cerrado tem sido subvalorizado.
Basta ver o que consta da própria Constituição brasileira:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
- 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
- 4.º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.
Seminário Nacional do Cerrado, em foco:
O cerrado não figura no artigo dedicado ao meio ambiente. Creio não ser fantasioso afirmar, que não foi reconhecido como patrimônio nacional para que toda a área por onde passa, nos onze Estados e no Distrito Federal, pudesse se transformar em cultivo e/ou pasto. Se foi essa a intenção dos constituintes, ela vem sendo cumprida. A questão é: a forma tem sido adequada? O cerrado já diminuiu aproximadamente 50% em relação ao tamanho original. Avaliemos esse dado desapaixonadamente: a população brasileira cresceu em quantidade; as cidades se expandiram; áreas de floresta, quaisquer que sejam, foram ocupadas, seja para as pessoas, seja para a produção de alimentos. Espanta é a crescente velocidade da destruição do cerrado, berço de tantas nascentes, nos últimos anos.
Encerro com um breve diálogo ouvido no local:
– Tanto esforço dos organizadores e talvez vá tudo por água abaixo.
– Para ir água abaixo, precisaremos de água.
Evandro Valentim
Brasiliense; casado, pai e avô; mestre em gestão do conhecimento; especialista em gestão de RH; administrador; e escritor. Publicou Aventura no cerrado (Assis, 2017); Aventura na floresta: bichos e lendas daqui e dacolá (Assis, 2016); “Cliques narrativos: um romance em crônicas” (Assis, 2014); e “Causos de RH: o livro” (Livre Expressão, 2011). Aprendiz sênior em temas ambientais.